sábado, 30 de abril de 2011

#68

Desfarçar e evitar, mas mostrar
Naquele sorriso escondido
Entreabrido, meio assim, condenado...
Por não poder abrí-lo aos cantos
Pois barrancos nos aterrariam...

É proibido, por assim dizer
Por nossa condição combinada
Mais que acertada
Em permanecer discretamente
Por ruas de pedras frias que hão por aí

E quanta calma em nos chegar
Pertinho, quentinho, lá
Com tanta ventania nos empurrando
De todo é melhor parar
E deixar o nosso próprio tempo nos levar

Pois senão não haverá encoberta
E que será de nós, só nós?
Pois é o que somos
Não há mais que isso, sozinhos
Sem atropelar os próprios caminhos...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ouça, amigo

Tão estranho quanto sofrer
É não sofrer e não criar.
Simplesmente não sai, meu amigo!
E nessa força maldita que faço, não gosto
Desfaço, feneço!

Engraçado, né amigo.
Só no poço é que enchergo a luz
Que me tira do mesmo
Onde eu própria cavo
Mas condeno!
Tão impróprio quanto a vazão
pela parte de fora da razão.

Mas que faço, então?
Caro amigo.
Estamos num grande empasse.
Marcasse a hora certa ao menos
Que não me acostumaria
Com essa calmaria estando em tanta tempestade.

Mas quanto surpresa temos, querido amigo!
Nessa amargura toda, achar doçura
E melhor ainda, sem lambuzar
Ou abusar da estadia
E se esforçar pra ficar!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

#66

Seria nada de mim nessa encosta
Que ainda cobram pela estadia
Que tira o que te faz seguir
Pois nada resta além do sonho.
Não é algo com que deva se alterar
Pois é fato esse descaso que se tornou
Até o ponto de educar os inocentes
Com essas balbúrdias sujas, inválidas
No mundo que eles querem fazer.
Quanto a este, mande jogar fora
Não há mais o que tentar mudar.

domingo, 17 de abril de 2011

#65

Difícil é saber como ter imagem.
Imagem fará de você, você?
Mas e quanto aos invisíveis?

Não é conforto
Nem estar no bem desse mar
Que engole a todos
Mas nem a quem merece
Tá lá, e permanece.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Exorcismo

Que faço eu com essa raiva...
Rejeito conselhos. Calem-se!
Não digam e mostrem o que fazer
Pois já supus tudo, e fiz
E fui à ruína.

Calar faz bem? O disse?
Que pensava o energúmeno???
Se afastem!
Já me tardo a me expressar.

Não me prendam
Não suponham a minha sorte
Não transformem o que digo
Nem me queiram de outro jeito.

Quero o susto
Apenas me observem.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Entre outras coisas

É longe que vejo meu futuro

Esperando
E eu não aguentando essa agonia
Pois bem queria, claro
Meu descanso.
Não trabalho
Não me cobram
Só não vêem
O que tenho aqui, dentro
Pertinho
Quentinho
Pronto a acolher.

Já me vi invisível
Sem ver
Sem olhar
Nem enchergar
Perceber tampouco
Pois só era o que pensava.
Nada praticava!
Não vivia...
Questionava...
Lá estava. Rimando, detestando
Querendo regressar.

Mas me disseram, eu ouvi
Jure a luta
Por você, alcance o alto
Que nada aqui em baixo é seu.
Suma! Cresça!
Pareciam delirar.
Permaneci. Deixei levar...
Sabe bem onde fui parar.
Estou andando, agora
Até tarde
Sem nada de salvar mundo
Que já padece.

sábado, 2 de abril de 2011

Nós dois

É o som da chuva que acomoda.
Já que o colo que preciso não está comigo
E nem sei se sei por onde anda.

Só ao defender meu eu-nada
Já espanto. Mas porque o espanto?
Se é medo de vir que tem, saiba que também sou
Dessas tormentas que se passam.

_E precisava de tantas voltas?
Sim, pois não é tempo.
_E quando será?
Ao soar da ciência, sua da minha carência.

E da nossa mútua, pois sei que nos fará bem.

Tiro de sal-grosso

À toda essa chuva, lavando
Bota ele pra correr
Leva embora o meu assassino!
Não esqueça de tocar o sino
Pra lembrar a todos de correr
Onde ele não alcance.

Obs.: Há "um item" escondido. Para entender melhor, leia outras poesias ao longo do blog.