terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ouça bem

Pediram-me o favor
De afastar, me retirar
Pois não sabem quem eu sou
E nem quem és.
Pois diga-os se era bom
Matar-te por valores
Puros inventados por alguém
Que triste não pôde dizer à ela tudo o que queria.
Tal dor parece alimentar-se
E não consigo tirar.
De tudo junto, descaso profundo
Ao que sempre detestei e evitei.
Meu rosto não diz tudo
E quando sorrio aos hipócritas
Dizem quem não sou, novamente.
Infâmia profunda
Que já me cansei e deixo
Pois se há o que mudar
Há de ser pra melhorar
Se não consigo agradar
Não é minha culpa...
Que trago mesmo assim
Por grande burrice de certos devaneios
Que são contra mim.
Todos contra mim.

domingo, 12 de dezembro de 2010

#46

Se não me tiras do mau que tenho
Vou compreendê-lo.
Dentro de mim me ajudará
Se caso sei (e sei que sei) usá-lo
pois pior que maltratar-me é querer mudar
e só apenas agradar.
Falar por elegância, mas que idéia!
Quanta decadência traz
que maltrata a mim, pois!
E pra frente poder respirar
A mais pura das fumaças que preciso
Pois depois de tanta injúria
Que mais preciso senão aproveitar?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

#45

Não foi justo ter me atiçado
Pra depois quão triste amargurado
meter-me entre o estômago.
De tanta lenha encinerou
E só devia ter maltratado
se ao acaso não pudesse mais me ver.
E agora?
Volto a esse mais infame proclamar:
quanta solidão.
Não há o que fazer se mesmo tentar compreender
pois não posso desintender o que entendo e te querer.
Sou a minha amostra mais real
de tão desleal e sincera comigo.
Pois assumo humilhada
Que não bem assim do nada
Mas porém voltei, a esse grande abismo de esperança
E que sede de criança depois de comer doce!
Se não sabe é só abrir
Pra tentar descobrir, que tanta rima forçada não passa de desgraça
Acumulada e enferrujada
Que não exito mais em expulsar.
Mesmo que me traga um belo tiro
de incertezas ou acertos novamente.

Dor de mim

Há um alvoroço de dores
tão sérias e intensas que tampouco somem
logo acabam por deixar-te imóvel.
Não há mais o que fazer
Nem esquecer, o que o faz?
Se não queres melhorar?

É, de tanto pensar chegou a sangrar
E se pensa em estacar, já volta.
Que a maldita dor não me abandona
Nunca quis me tornar sua dona!
É modesta se não fosse tão dura
que o mais intenso reclamar a transforma e retoma
e não liberta-se da prisão que criou.
Se se transformou, adorou
Se adoraram, faz bem.

Persiste dor de tudo.
Já não cansou de mim?
Vá procurar tal outro abrigo
Que já foi meu tempo de querer.