domingo, 22 de agosto de 2010

Importante saber

 I
Não há espaço que caiba
Grande, densa, intensa
Mole e preguiçosa de andar
Rápida e triste pra pensar

Que tudo e nada exigem ter
Pra onde vai não deixam ver
É pesado e machucado
Chato desafino o som que fizer

Grita e não deixa eu me mexer
Se quero destruir aumenta o tom de raiva
Para de tormenta e tenta me ajudar
Sair do que preciso se precisa magoar
Sair da minha vontade de cair

II
Ora já voltou do vale escuro
Não preciso da visita triste
Quero mais forte o café que tiver
E o mais cedo possível a cura vier
Tira do embalo e atrapalha
Cresce e desama o possível
Tira o sossego do caminho
Vê se arruma algo pra fazer
E deixa o resto fluir
Que cedo não há hora de sair
Chamas altas no que tenho por dentro
É caro pagar pra pensar
Pra achar que chorar é sofrer
E esquecer é bom pra poder continuar

Se faço o pior pra me satisfazer
Não me importo da cara de quem não gostar
É mais doce estar no bem com pesar
Que tirar o sorriso de como estaria pior.

III
Procuro cabeça pra pensar
Sem acabar no desconcerto de achar bom chorar
De me achar sem lugar
Se sei onde encaixar e onde andar
Se errada estou é mais fácil acabar
Se mal rimar me acalmar não me importo
Se me faço não me fiz completamente
Deveria saber que estado estou

Mando saber e sei de todos os problemas
Me martirizam prendem derramam
Existe o que penso e é meu
Não surpreendo com o ruim
Sei de mim, sei de mim
Não disfarço o meu mal momentâneo
A memória me destrói ao saber que fui e não voltei
Se sei por que ainda penso
Se é sobre mim que sabem
Que não sofro como eu mesma penso

Me destruo quando vejo de que somos feitos
Quanto chão terei de andar
Se um dia ainda serei quem sou
Não enxergo que já sou agora e não haverá futuro certo
Só é fato e não acerto
Mais tarde do que cedo vai embora e volta
Cabeça vazia e olhos enchados
Pesados se fecham quando sei que penso errado
Acabe a minha tormenta
Que já tardo a viver tudo que é meu

Psiqué

Sozinha sou
Com todos não sou
Mas todos não são como eu
Eu que não sou
Como eles que são
Coisas difíceis de ser
Prefiro ficar no meu canto
Olhando, falando
Não sei que problema que vi
Faz mal lembrar do que fez
Ainda mais antes de fazer
Saber que tem que ter
Antes de ter
Só não fechar os olhos sem ver
Não há cara ruim
Pro ruim que tu faz
Mas há o pior
Pro pior que fazer
Amargo é bater
E não receber a encomenda
Por não ter a renda do mês
Tudo lá e tu aqui
Teu lugar, se pensou que era lá
Aquilo lá faz parte daqui
E tão fácil é virar como é
Eu que já pensei
Que não sou quem sou
Que tardei a achar
O que já sei
Não feche a janela
Deixa entrar o que vier
E sair o que tem de ir

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

#20

Não sei tirar difíceis acordes;
Não me dizem ao certo o que são
se me deixares a sós conversando
e falo muito.
Mais forte e intenso que tirar água do vento
Tão mais frio que uma cena de semi-amor cortada.

Flores ao enterro da vontade em mim
Não só digo o que me passa e o que será um dia.
Mais difícil estar de pé
que poderia estar ao alto vendo as coisas lá de cima.
Se prendem-me não denunciam
Pois convivem em meu canto ao que dá me soltar.

Se tiram não é covardia
odeio o dia que me torra a mente
se me saio em lenços, capas, chapéus
Tudo ao chão me olha, chama, e me despeço pois preciso ir.
Se me trava é bom olhar o que me torno?
Limites onde não há senso de paradas
nem descanso ou recanto de sombras ruins.

Vento fresco ao sair e me divirto
Não limito ao ponto de partir
Se me param repreendo, brigo e volto ao meu lugar
Tiram as correntes dos vilões
soltam o que há à vida de si e, não só a si.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

#19

Preciso andar em momento de fúria
Descansar em hora impura de males
Externo que se abre ao tentar me chocar
Mas vê que já não me surpreende.
Faz mau a paz que me chegou antes
E se tira ao escuro de sombras dos receios
Tão pesados e levados pelo tempo
Que tão cedo já trazem o que vai começar.
Sem tempo sem nada
E aos poucos em grande escala de diversão.